A
FILOSOFIA COMO PROCURA DA VERDADE
“Em
seu pequeno e brilhante livro Introdução à Filosofia, Jaspers insiste na idéia
de que a essência da Filosofia é a procura do saber e não a sua posse. Todavia,
ela ‘se trai a si mesma quando degenera em dogmatismo, isto é, num saber posto
em fórmula, definitivo, completo. Fazer filosofia é estar a caminho; as perguntas
em filosofia são mais essenciais que as respostas, e cada resposta
transforma-se numa nova pergunta’. Há, então, na pesquisa filosófica uma
humildade autêntica que se opõe ao orgulhoso dogmatismo do fanático; o fanático
está certo de possuir a verdade. Assim sendo, ele não tem mais necessidade de
pesquisar e sucumbe à tentação de impor sua verdade a outrem. Acreditando estar
com a verdade, ele não tem mais o cuidado de se tornar verdadeiro; a verdade é
seu bem, sua propriedade, enquanto para o filósofo é um exigência. No caso do
fanático, a busca da verdade degradou-se na ilusão da posse de uma certeza. Ele
se acredita o proprietário da certeza, ao passo que o filósofo esforça-se por
ser peregrino da verdade. A humildade filosófica consiste em dizer que a
verdade não pertence mais a mim que a ti, mas que ela está diante de nós.
Assim, a consciência filosófica não é uma consciência feliz, satisfeita com a
posse de um saber absoluto, nem uma consciência infeliz, presa das torturas de
um ceticismo irremediável. Ela é uma consciência inquieta, insatisfeita com o
que possui, mas à procura de uma verdade para a qual se sente talhada.”
(Huisman, Denis e Vergez, A. A ação. 2 ed. São Paulo,
Freitas bastos)
Responda:
- Por que o filósofo é chamado “peregrino da verdade”?
- Em que consiste uma consciência em constante tensão?
- Em que sentido um professor fanático ou pessoa fanática é um desastre educacional?
- Por que o processo de democratização de um povo depende de cultura filosófica?
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